domingo, 20 de dezembro de 2009

As regras da autora: sem alho, estacas ou caninos afiados

crepusculo1Stephenie Meyer não era obcecada por vampiros quando ela literalmente sonhou a história de “Crepúsculo” em uma noite de junho de 2003. Auto-descrita como um “enorme gato assustado”, que mal consegue assistir filmes de Hitchcock, era uma mãe em tempo integral de três meninos sem intenções de seguir uma carreira de escritora. Mas ela escreveu seu romance, enviou a um agente que respondeu favoravelmente (dos 15 que tentou), e em 2 meses assinou um acordo de três livros com a editora Little, Brown.
O MTV Films, estúdio da Paramount, comprou os direitos do livro no ano seguinte, mas o roteiro encomendado “não tinha nada a ver com o ‘Crepúsculo’”, diz Meyer, que ficou aliviada quando o estúdio desistiu de produzir o filme. Recusando-se a repetir o que chama de “experiência horrorosa”, Meyer ficou com o pé atrás quando a Summit Entertainment se aproximou, e cedeu apenas quando a companhia concordou em obedecer suas regras por contrato: sem caninos afiados, sem caixões, sem alho e sem estacas no coração. E ninguém morre no filme sem que tenha morrido no livro.
“Meus vampiros não precisam de dentes afiados. Fortes como são, eles ficam desnecessários. Eles não dormem, e têm reflexos no espelho. Você pode tirar fotos deles. No meu mundo,” Meyer explica, “esses são mitos que os vampiros espalharam para que as pessoas digam ‘essa pessoa não pode ser um vampiro porque eu posso vê-la no espelho, então estou a salvo”.

Crepúsculo
Peter Facinelli (esquerda) e Edi Gathegi (direita) estrelam o thriller “Crepúsculo”

Meyer trabalhou de perto com a roteirista Melissa Rosenberg e a diretora Catherine Hardwicke ao longo do processo. “Elas me deixaram contribuir e incorporaram 90% do que eu disse no roteiro”. Ela visitou o set de filmagem quatro vezes, e foi convencida a fazer uma aparição surpresa no filme. Ela é a mulher que fica no balcão em uma cena entre Bella e seu pai, Charlie (Billy Burke).
Para Rosenberg ("Step Up," "Dexter"), encenar um livro que é em sua maioria os pensamentos internos da narradora Bella foi o maior desafio, além de incorporar as regras de Meyer, e ela se sentiu pressionada. “Eu não queria ser a escritora que arruinou ‘Crepúsculo’ para uma geração de adolescentes. Eu sabia que o modo de satisfazer os fãs era ser fiel ao livro”, diz a roteirista, que incluiu muitos dos diálogos do romance. “A narração tem quase todas as palavras do livro”, diz ela. “Tem a ver com capturar a voz do livro e dos personagens, para que o público seja levado na mesma viagem emocional”.
Claro, algumas coisas precisaram ser deixadas de lado para dar prioridade para a história de amor principal, incluindo o passado dos personagens coadjuvantes. Os vampiros nômades – os vilões da história – acabaram aparecendo antes no filme do que no livro. Rosenberg também precisou encontrar um jeito de incluir vários diálogos de perguntas-e-respostas que explicam a mitologia dos vampiros. “Foi como pegar vários pedaços do livro e salpicar ao longo das cenas”.
A diretora Hardwicke enfrentou a tarefa de fazer com que o romance carregado de diálogos ficasse mais visual e dinâmico, e que envolvesse várias filmagens em uma das áreas mais molhadas dos Estados Unidos – perfeita para a história, mas nem tão boa para a produção.

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